Saturday, November 18, 2006

"The Blowers Daughter"

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new


Damien Rice

Tuesday, November 14, 2006

Balada do Desajeitado

"Sei de alguém
Por demais envergonhado
Que por ser tão desajeitado
Nunca foi capaz de falar
Só que hojeViu o tempo que perdeu
Sabes esse alguém sou eu
E agora eu vou-te contar

Sabes lá
O que é que eu tenho passado
Estou sempre a fazer-te sinais
E tu não me tens ligado

E aqui estou eu
A ver o tempo a passar
A ver se chega o tempo
De haver tempo para te falar

Eu não sei
O que é que te hei-de dar
Nem te sei Inventar frases bonitas
Mas aprendi uma ontem
Só que já me esqueci
Então olha gosto muito de ti

Podes crer
Que à noite o sono é ligeiro
Fico á espera o dia inteiro
Para poder desabafar

Mas como sempre
Chega a hora da verdade
E falta-me o á vontade
Acabo por me calar
Falta-me jeito
Ponho-me a escrever e rasgo
Cada vez a tremer mais
E às vezes até me engasgo

Nada a fazer
É por isso que eu te conto
É tarde para não dizer
Digo como sei e pronto"

Letra: Sebastião Antunes - Quadrilha

Sunday, November 12, 2006

Corpo de Deus

" A minha unha tem crescido tanto
e entretanto vim morrendo pouco a pouco
temi amei preocupei-me com problemas
fui feliz vivi a vida emocionei-me
Venceram-se diversas prestações
A minha poesia é por vezes mínima e mesquinha
Aqui estou eu perdido na contemplação da unha
A unha pequenina a que regresso sempre
Não canto armas nem barões nem mesmo este mar
que desdobradamente aqui vem rebentar
em ondas de água azul em algas e pedrinhas
Afinal tão instrutivo é
perder-me na contemplação do pé
descalço aqui à doce beira-mar
como aprofundar os mistérios deste dia
em que cristo instituiu a eucaristia
E eu comecei o dia à procura de livros
preocupado com contas a pagar
sem bem saber de mim nem do que é meu
(Falo muito de mim e de várias maneiras
algumas delas transpostas fantásticas fingidas
mas quem há-de morrer e quem é que nasceu
mais presente a mim próprio do que eu?)
Havia porventura de me recordar
da ceia do senhor do pão do vinho?
O meu pão é todo deste deste dia
E vou buscá-lo em contemplação da unha:
crescem mais as dos pés do que as das mãos
Serei eu que as corto menos vezes?
Será e terá sido sempre assim com toda a gente?
Cristo terá alguma vez sabido isso?
Doer-lhe-ia o pé ao instituir a eucaristia?
Mas o meu pão é todo deste dia
e doem-me muito mais os meus dois pés
do que o corpo de cristo embora meu amigo
Sermões e procissões interpretações doutrinais
talvez mundo perdido para nunca mais
aqui junto do mar junto dos meus
mesmo ao falar de deus eu me esqueço de deus"


Ruy Belo