Friday, October 05, 2007

DISCURSO (MUITO BREVE) SOBRE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA



Para Jean-Claude Bertrand

Com que amor violentamos a folha deserta
cujas margens tacteiam a fronteira do sangue
cujas marcas viajam a superfície múltipla
das dunas
mão aberta
afagamos talvez a face o pleno espaço
na outra logo o fogo
o lápis
a memória
o gesto em vez do peso
a viagem
sem bússola do corpo
com que violência amamos o terreno
demarcado do espanto
sobre o húmus a força quente o espaço
a forma
a breve fala

Emanuel Félix
Paris, 1979.

Wednesday, October 03, 2007

Poema

"O sol fechou o dia
Sem mão nem chave;
A pouca luz que havia
Deu-a para uma ave.

Então a ave selou
Com seu sono seu ninho,
E a terra toda amou
na casa do passarinho.

Um ovo é como uma chave,
Mas só abre a vida às penas.
Apetece ser ave!
Ter as mágoas pequenas."

Sunday, September 30, 2007