Tuesday, December 05, 2006

alquimia do verbo

«agora fiquei triste, realmente,
emudeci

o que esta boca sente
quando sorri!

o jardim está sem gente
e anda um vago sonho por aí

quando voltar a minha força ausente
hei-de pensar neste alibi»


Mário Cesariny

Monday, December 04, 2006

Para a Kaya


Foto: Gui
Santo Amaro (Pico/Açores)


«Quando me perco
busco um abrigo
ou um tecto que não tolha os meus sentidos
E se o teu céu, por ser maior,
cobrir o pranto?
eu vou!

Quando me peco
sigo uma estrela
que não brilha igual
em todo o firmamento.
E se cair para lá das ilhas encantadas?
eu vou!

Se o teu nome não fosse
o do pecado,
ou da benção que o céu
hoje me deu,
nem por montes,
nem por mares
onde o sol nunca nasceu,
perderia o rasto
de um sorriso teu!

Quando me perco
sigo uma voz
que me chama bem do fundo
das certezas.
Mesmo que chegue
como um canto de sereia?
eu vou !

Quando me perco
ou se me encontro,
ou se me der para ser banal
tal como agora,
tudo não passa
da vontade de dizer?
eu estou !»


Luís Represas