Monday, January 31, 2005

Amor Combate

"Meu amor que eu não sei. Amor que eu canto. Amor que eu digo.
Teus braços são a flor do aloendro.
Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo.
Teus olhos são da cor do sofrimento.
Amor-país.
Quero cantar-te. Como quem diz:

O nosso amor é sangue. É seiva. E sol. E primavera.
Amor intenso. Amor imenso. Amor instante.
O nosso amor é uma arma. E uma espera.
O nosso amor é um cavalo alucinante.

O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa.
Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa,
Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo.
O nosso amor é como a flor do aloendro.

Deixa-me soltar estas palavras amarradas
Para escrever com sangue o nome que inventei.
Romper. Ganhar a voz duma assentada.
Dizer de ti as coisas que eu não sei.
Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada.
Amor-verdade. Amor-cidade.
Amor-combate. Amor-abril.
Este amor de liberdade."

Joaquim Pessoa

Joaquim Pessoa nasceu no Barreiro em 22 de fevereiro de 1948. Iniciou a carreira no Suplemento Literário Juvenil, do Diário de Lisboa. O seu primeiro livro veio a público em Março de 1975. Ao último original foi atribuído o Prémio de Poesia de 1981 da Secretária de Estado da Cultura.

4 comments:

oldmirror said...

O primeiro de muitos comentários para dizer que o poema é o ideal para iniciar este blogue...tem tudo a ver: amor, liberdade, inconformismo e beleza. Tal como a autora. Parabéns.

gm said...

Seguirei fielmente ... ;)

Ana F. Afonso said...

Será, certamente, mais um bom cantinho.

Andre Bradford said...

Que não te faltem as palavras, que são tantas, que não te falte a inspiração, que não se acabe o Ar de Mar! Parabéns.